Quando falamos de arquiteturas orientadas a eventos, a imagem que nos vem à mente é sempre a de um sistema elegante e perfeitamente fluido, onde produtores e consumidores dançam em harmonia, e as filas assíncronas nos levam a um futuro sem falhas. Mas, se você já esteve em uma Black Friday ou lidou com picos de acesso, sabe que a realidade é bem diferente. A verdade é que, por trás da promessa de escalabilidade e desacoplamento, existem armadilhas que podem transformar um dia de vendas em um verdadeiro pesadelo.

O Desafio das Arquiteturas Orientadas a Eventos

Imagine a cena: sua aplicação está rodando ladeira abaixo, recebendo um fluxo de requisições cinco vezes maior do que o normal. Cada função Lambda que você configurou para ser super rápida agora enfrenta cold starts, as filas do SQS começam a acumular mensagens, e seus dados no DynamoDB são limitados por throttles. Nesse cenário caótico, os pedidos dos clientes falham e a frustração toma conta. Essa não é uma situação isolada: é uma realidade vivida em diversos setores, desde eCommerce até fintechs e plataformas SaaS.

Dividindo o Problema em Partes

Para entender como construir sistemas mais resilientes, é essencial dividir a arquitetura em três partes principais: produtor, buffer intermediário e consumidor. Cada parte tem suas peculiaridades e desafios, e é crucial abordá-los de maneira estratégica.

Construindo Resiliência com Código

Vamos dar uma olhada em como podemos estruturar um sistema resiliente usando C#. Vou compartilhar um exemplo simples de como você pode implementar um produtor que envia eventos para um SQS e um consumidor que lê essas mensagens.


using Amazon.SQS;
using Amazon.SQS.Model;
using System;
using System.Threading.Tasks;
public class EventProducer
{
    private readonly IAmazonSQS _sqsClient;
    private readonly string _queueUrl;
    public EventProducer(IAmazonSQS sqsClient, string queueUrl)
    {
        _sqsClient = sqsClient;
        _queueUrl = queueUrl;
    }
    public async Task SendMessageAsync(string messageBody)
    {
        var sendMessageRequest = new SendMessageRequest
        {
            QueueUrl = _queueUrl,
            MessageBody = messageBody
        };
        await _sqsClient.SendMessageAsync(sendMessageRequest);
    }
}

Esse código simples envia mensagens para uma fila SQS. Agora, vamos ao consumidor. Aqui, é essencial que o processamento das mensagens seja resiliente, ou seja, em caso de falha, precisamos garantir que a mensagem não seja perdida e seja reprocessada adequadamente.


using Amazon.SQS;
using Amazon.SQS.Model;
using System;
using System.Threading.Tasks;
public class EventConsumer
{
    private readonly IAmazonSQS _sqsClient;
    private readonly string _queueUrl;
    public EventConsumer(IAmazonSQS sqsClient, string queueUrl)
    {
        _sqsClient = sqsClient;
        _queueUrl = queueUrl;
    }
    public async Task ProcessMessagesAsync()
    {
        var receiveMessageRequest = new ReceiveMessageRequest
        {
            QueueUrl = _queueUrl,
            MaxNumberOfMessages = 10,
            WaitTimeSeconds = 20 // Long polling
        };
        var response = await _sqsClient.ReceiveMessageAsync(receiveMessageRequest);
        foreach (var message in response.Messages)
        {
            try
            {
                // Process the message
                Console.WriteLine($"Processing message: {message.Body}");
                // After processing, delete the message
                await _sqsClient.DeleteMessageAsync(_queueUrl, message.ReceiptHandle);
            }
            catch (Exception ex)
            {
                Console.WriteLine($"Error processing message: {ex.Message}");
                // Handle failure (ex: log, retry, etc.)
            }
        }
    }
}

Dicas Avançadas para Resiliência

Considerações Finais

A construção de sistemas resilientes em uma arquitetura orientada a eventos é um desafio contínuo. Não se trata apenas de implementar tecnologia, mas de entender o comportamento do sistema sob pressão e antecipar problemas antes que eles ocorram. A prática leva à perfeição, e em um mundo em constante mudança, ser proativo é a chave. Ao focar em resiliência, você não apenas protege sua aplicação, mas também proporciona uma experiência muito mais confiável para seus usuários.

Então, da próxima vez que você estiver projetando um sistema, lembre-se: a beleza das arquiteturas orientadas a eventos está em sua capacidade de se adaptarem, mas exige um cuidado especial para que não se tornem um campo de batalha em momentos críticos.

Vamos em frente, sempre aprendendo e compartilhando experiências. Afinal, tecnologia é uma jornada, não um destino!