Nos últimos tempos, a discussão em torno da inteligência artificial tem ganhado força, e não é pra menos. A cada dia, nos deparamos com novas ferramentas e agentes que prometem revolucionar a forma como desenvolvemos software. No entanto, é essencial que não deixemos de lado os princípios fundamentais da arquitetura de software enquanto navegamos por esse mar de inovações.
Introdução
A recente apresentação de Tracy Bannon no QCon AI NY 2025 trouxe à tona questões críticas sobre a adoção rápida de agentes de IA e os riscos associados a essa prática. A Bannon fez um alerta importante: se tratarmos todos os sistemas de IA como se fossem iguais, corremos o risco de repetir falhas arquiteturais que já conhecemos. E isso é algo que, como arquitetos de software, devemos estar atentos.
Entendendo os Agentes de IA
Uma das principais ideias que Bannon compartilhou foi a distinção entre bots, assistentes e agentes. Bots são basicamente programados para reagir a gatilhos específicos, enquanto assistentes colaboram com humanos, mas ainda ficam sob seu contrle. Já os agentes são seres autônomos, tomam decisões e realizam ações de forma mais independente.
O conceito de autonomia é um dos pilares dessa discussão. Bannon mencionou padrões de autonomia que aparecem ao longo do ciclo de vida do desenvolvimento de software. Desde ferramentas assistidas por IA até orquestração multi-agente e autonomia em nível de missão, cada uma dessas categorias traz suas próprias complexidades e riscos.
O Perigo da Amnésia Arquitetural
A frase de Bannon que mais me chamou a atenção foi: "A autonomia não falha sozinha; falhas ocorrem quando a autonomia cresce mais rápido que a disciplina arquitetural." Essa é uma verdade que não podemos ignorar. Chamou-a de dívida agentica, que se relaciona com problemas conhecidos como a proliferação de identidades e permissões, falta de segmentação e validação. A IA não cria novos modos de falha; ela amplifica os existentes.
Princípios Arquiteturais e Governança
Uma das mensagens que mais ressoou foi a necessidade de aplicar princípios arquiteturais estabelecidos a sistemas de agentes. Não é uma questão de aprender disciplinas novas, mas de lembrar e aplicar o que já sabemos. A governança deve ser a mínima camada de controle necessária para construir confiança, o que inclui a responsabilidade clara e a rastreabilidade das ações e fluxos de dados.
Dicas para Evitar a Dívida Agentica
Então, como podemos evitar cair na armadilha da amnésia arquitetural? Aqui vão algumas dicas práticas:
- Identidade Única: Cada agente deve ter uma identidade única e revogável. Isso é vital para rastrear ações e aceso.
- Comece pelo "porquê": Antes de decidir como implementar um agente, entenda o motivo por trás dessa decisão.
- Seja transparente: Torne visíveis os riscos e a dívida técnica. Isso ajuda a equipe a tomar decisões melhores.
- Refatore e valide: Não esqueça do trabalho que mantém os sistemas saudáveis, como design e modelagem de ameaças.
Conclusão
Para finalizar, a menssagem que fica é que, mesmo em um mundo cada vez mais dominado pela IA, os princípios da arquitetura de software continuam válidos. Precisamos ser proativos e não reativos em relação à implementação de agentes de IA, evitando a tentação de seguir a onda sem pensar nas consequências. O desafio não é aprender tudo de novo, mas sim aplicar o que já sabemos de forma disciplinada e responsável.
Sejamos arquitetos conscientes e cuidadosos, e não deixemos que a velocidade das mudanças nos faça esquecer as lições do passado.